O presidente chinês, Xi Jinping, falou por telefone na quarta-feira com o ucraniano Volodymyr Zelenskiy pela primeira vez desde a invasão russa da Ucrânia no ano passado, cumprindo uma meta de longa data de Kiev, que havia buscado publicamente tais negociações por meses.

Zelenskiy imediatamente sinalizou a importância da chance de estreitar relações com o amigo mais poderoso da Rússia, nomeando um ex-ministro como o novo embaixador da Ucrânia em Pequim.

Descrevendo o telefonema como “longo e significativo”, Zelenskiy twittou: “Acredito que este telefonema, bem como a nomeação do embaixador da Ucrânia na China, dará um poderoso impulso ao desenvolvimento de nossas relações bilaterais.”

Xi disse a Zelenskiy que a China enviaria representantes especiais à Ucrânia e manteria conversações com todas as partes que buscam a paz, informou a mídia estatal chinesa.

Xi, o líder mundial mais poderoso que se absteve de denunciar a invasão da Ucrânia pela Rússia, fez uma visita de Estado à Rússia no mês passado. Desde fevereiro, ele promoveu um plano de paz de 12 pontos para a Ucrânia, recebido com ceticismo do Ocidente, mas recebido com cautela por Kiev.

A China se concentrará em promover negociações de paz e fará esforços para um cessar-fogo o mais rápido possível, disse Xi a Zelenskiy, de acordo com relatos da mídia estatal chinesa.

“Como membro permanente do Conselho de Segurança da ONU e um grande país responsável, não ficaremos de braços cruzados, nem jogaremos óleo no fogo, muito menos buscaremos lucrar com isso”, disse Xi.

A guerra de 14 meses está em um momento crítico, com a Ucrânia se preparando para lançar uma contra-ofensiva nas próximas semanas ou meses, após uma ofensiva de inverno russa que fez apenas avanços incrementais, apesar dos combates mais sangrentos até agora.

Não há negociações de paz à vista, com Kiev exigindo que a Rússia retire suas tropas e Moscou insistindo que a Ucrânia deve reconhecer suas reivindicações de ter anexado o território ocupado.

Ucrânia pede a Pequim que influencie a Rússia

As autoridades ucranianas há muito pedem a Pequim que use sua influência na Rússia para ajudar a acabar com a guerra.

Xi e o presidente russo, Vladimir Putin, assinaram um acordo de parceria “sem limites” semanas antes de Putin ordenar a invasão.

Desde então, a China denunciou as sanções ocidentais contra Moscou, mas evitou apoiar abertamente a invasão. A China também se tornou o maior parceiro econômico da Rússia, comprando petróleo que não pode mais ser vendido na Europa, muitas vezes com grandes descontos.

Após as negociações de Xi-Zelenskiy, a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, disse: “Notamos a prontidão do lado chinês em fazer esforços para estabelecer um processo de negociação”.

Os Estados Unidos disseram nos últimos meses que estavam preocupados com o fato de a China fornecer armas ou munições para a Rússia, embora Pequim negue tais planos.

A China diz que está posicionada para ajudar a mediar o conflito porque não tomou partido.

“O que a China fez para ajudar a resolver a crise na Ucrânia foi honesto”, disse Yu Jun, vice-chefe do departamento da Eurásia do Ministério das Relações Exteriores.

Os países ocidentais dizem que a proposta de paz de 12 pontos da China é muito vaga, não oferece um caminho concreto para sair da guerra e pode ser usada por Putin para promover uma trégua que deixaria suas forças no controle do território ocupado enquanto se reagrupam.

No início desta semana, os países europeus levantaram o alarme depois que o embaixador da China na França disse que estados como a Ucrânia, que conquistou a independência com o desmembramento da União Soviética, “não têm status real na lei internacional”.

Pequim disse que sua posição sobre a independência dos ex-estados soviéticos permanece inalterada. *The Jerusalem Post

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