A Justiça do Irã abriu processo contra duas atrizes iranianas por aparecerem sem o véu islâmico obrigatório para mulheres em público. O caso veio à tona dias depois que outras quatro atrizes foram presas sob a mesma acusação, informa a mídia local nesta segunda-feira (8).

Baran Kosari, 37 anos, está sendo processada por não usar o véu na sexta-feira (5) durante o funeral do ator recentemente falecido Hesam Mahmoudi. As fotos dela na cerimônia foram imediatamente publicadas na internet, informou a agência Tasnim.

Além disso, foi aberto um processo contra Shaghayegh Dehghan por “não ter usado o hijab [véu] em um café”, segundo a agência Mehr. A atriz de 44 anos já apareceu em séries de televisão e foi premiada várias vezes pelo principal festival de cinema do país, o Fajr.

Nas últimas semanas, outras quatro atrizes – Katayoun Riahi, Pantea Bahram, Afsaneh Baygan e Fatemeh Motamedarya – foram levadas ao tribunal pelos mesmos motivos. Nenhuma delas foi presa.

Essas ações penais surgem na sequência da entrada em vigor, em meados de abril, de um novo plano policial para endurecer o controle do uso do véu, que é obrigatório para mulheres no Irã desde a Revolução Islâmica de 1979.

Nos últimos meses, no entanto, cada vez mais mulheres têm aparecido nas ruas sem véu, especialmente após o início do movimento de protesto desencadeado pela morte sob custódia, em setembro, da jovem Mahsa Amini, presa justamente por violar o rígido código de vestimenta do país.

A partir de 15 de abril, as autoridades iranianas começaram a fechar estabelecimentos comerciais, principalmente cafés e restaurantes, por desrespeito à obrigatoriedade do uso do véu por parte de funcionárias ou clientes. Desde que a polícia começou a aplicar novas medidas de vigilância sobre obrigatoriedade do uso do véu nas ruas e em lugares públicos, mais de 150 comércios já foram fechados no país.

As empresas devem se comprometer a fazer cumprir o uso do véu pelas clientes ou deixar de atendê-las. Nos shoppings, seguranças impedem a entrada de mulheres sem véu. Aquelas que não respeitarem o uso adequado do acessório terão que pagar multa e serão privadas de alguns serviços sociais.

Em dezembro, após protestos inéditos, as autoridades locais anunciaram o fim da atuação da chamada polícia moral, entidade fundada em 2005. No entanto, menos de um mês depois, uma nova campanha para fiscalizar o hijab (véu) das mulheres foi lançada no país. Penas entre um e dez anos de prisão são previstas para quem descumprir a regra. *Informções RFI

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