Jornais e canais de TV franceses repercutem a visita do chanceler da Rússia, Serguei Lavrov, a Brasília. Le Figaro, Le Monde, Ouest France, JDD e BFMTV, entre outros veículos, apontam as duras críticas feitas pela Casa Branca, depois de o presidente Lula afirmar na China e nos Emirados Árabes Unidos que os Estados Unidos estão encorajando a guerra na Ucrânia. “Lula disse o mesmo sobre a União Europeia”, escreve o JDD, ao afirmar que os europeus “deveriam começar a falar de paz”.
A imprensa relata a declaração do porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby, que afirmou que o Brasil repete a propaganda russa e chinesa sobre a Ucrânia.
Para a Casa Branca, a mensagem de Lula sobre a guerra é “profundamente problemática” e revela que o presidente brasileiro não observa certos fatos. Por exemplo, ceder a Crimeia como uma concessão à paz é uma visão “simplesmente equivocada”, disse John Kirby, “especialmente para um país como o Brasil, que votou em sustentar os princípios de soberania e integridade territorial” nas Nações Unidas, frisou o americano.
A reação do ministro brasileiro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que discordou totalmente das críticas, também é registrada. “Não sei como ou porque ele (Kirby) chegou a essa conclusão. Mas não concordo de forma alguma”, disse o chanceler brasileiro.
Morte de crianças ucranianas
Logo abaixo dessas declarações, a imprensa francesa segue na cobertura da guerra. De acordo com o Ouest France, a Procuradoria ucraniana registrou até segunda-feira (17) 80.840 crimes de guerra e agressões cometidos pelas forças russas desde o início do conflito.
A invasão russa também já matou mais de 470 crianças ucranianas e feriu pelo menos 948 menores, desde fevereiro do ano passado, segundo forças militares de Kiev.
Nessa segunda-feira, dois ex-mercenários do grupo paramilitar Wagner, entrevistados por meios de comunicação russos de oposição, testemunharam que receberam ordens para matar “qualquer pessoa” na Ucrânia, não fazer prisioneiros de guerra e não negociar. O grupo Wagner atua na Ucrânia sob ordens do Kremlin, para suprir as carências do Exército russo.*RFI