Os confrontos entre a polícia e manifestantes que protestavam contra a ampliação de uma mina de carvão na Alemanha, no sábado (14), deixaram dezenas de feridos entre os manifestantes e as forças de ordem. O ato era encabeçado pela militante ecologista Greta Thunberg.
O protesto em Lützerath, no oeste do país, reuniu entre 15 e 35 mil manifestantes, conforme contagens da polícia e dos organizadores, respectivamente. As autoridades policiais revelaram neste domingo (15) que 70 agentes ficaram feridos nos confrontos e 150 pessoas estão sendo investigadas pelas violências.
Já o coletivo Lützerath lebt! (Lützerath vive!) indica que “dezenas” de participantes se feriram, alguns gravemente, devido aos ataques de cães da polícia e jatos de água. O conflito começou depois que centenas de militantes tentaram entrar em áreas restritas da mina, informaram as forças de segurança.
A polícia chegou a se pronunciar no Twitter pedindo para que as pessoas “saíssem desta área imediatamente!”. Pelo menos 20 ativistas foram levados ao hospital, afirmou Birte Schramm, socorrista do movimento que ocupa a cidade. Schramm especificou que alguns deles foram “golpeados pela polícia no estômago e na cabeça” e que sofreram ferimentos que podem “colocar suas vidas em risco”. Nesta manhã, o local estava calmo.
Os arredores do complexo são ocupados há dias pelos ativistas contrários às obras de expansão da mina de lignito a céu aberto, entre Düsseldorf e Colônia. Desde quarta-feira, os policiais tinham ordem de desmantelar os acampamentos dos manifestantes.
Situação embaraçosa para o governo
A operação de evacuação é politicamente delicada para o governo de coalizão do primeiro-ministro social-democrata Olaf Scholz, que governa ao lado dos Verdes. Mas o governo avalia que a ampliação na mina é necessária para aumentar a segurança energética da Alemanha, para compensar a interrupção das entregas de gás russo depois do início da guerra na Ucrânia.
Os opositores, entretanto, alegam que essa razão é menos importante do que o combate às mudanças climáticas – das quais as emissões de CO2 das energias fósseis, e em especial o carvão, são as principais causadoras. O plano criticado prevê que o trecho localizado na bacia do rio Reno entre Düsseldorf e Colônia seja removido para que seja possível ampliar a mina de lignito, operada pela empresa alemã de energia RWE.
“É uma vergonha que o governo alemão firme acordos e compromissos com empresas como a RWE”, declarou Greta Thunberg, em meio ao protesto. “O carvão de Lützerath deve permanecer no solo”, proclamou, diante dos manifestantes, pedindo para que não se sacrifique o clima às custas do “crescimento a curto prazo e da ganância empresarial”.
O movimento foi apoiado por outros protestos em todo o país. Na sexta-feira, ativistas mascarados incendiaram contêineres e pintaram slogans nos escritórios do partido alemão Verdes, em Berlim – que eles acusam de “traição” por aceitarem o projeto defendido pelo governo. *Informações RFI