O Parlamento Europeu atribuiu o Prêmio Sakharov 2022 nesta quarta-feira (14) ao “corajoso povo ucraniano”, representado pelo seu presidente, os seus líderes eleitos e vários atores da sociedade civil. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensy, fez uma intervenção à distância.

Todos os anos, o Prêmio Sakharov distingue aqueles que lutam pelas liberdades fundamentais e pelos direitos humanos, valores fundamentais da União Europeia. Este ano ele foi concedido ao “corajoso povo ucraniano”.

A cerimônia foi aberta com uma declaração da presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, que defendeu que o prêmio era uma mensagem de apoio da União Europeia.

“Estamos ao lado da Ucrânia nesta luta, que não é apenas uma guerra de independência, mas uma guerra de valores que também são nossos”, declarou.

Zelensky participa à distância

O discurso foi imediatamente seguido pela intervenção por vídeo do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky. Depois de agradecer ao Parlamento Europeu e observar um minuto de silêncio pelas vítimas da guerra, ele destacou que os ucranianos lutam não só pelo seu território, mas também pela democracia e pelas liberdades fundamentais.

O presidente ucraniano também aproveitou para enviar várias mensagens. Ele pediu aos eurodeputados que votem uma resolução para estabelecer rapidamente um tribunal internacional para levar à justiça os responsáveis por crimes de guerra cometidos na Ucrânia.

Zelensky pediu ainda ao Parlamento Europeu que reconheça como genocídio o Holodomor, a fome imposta pelos soviéticos que matou milhões de vítimas ucranianas entre 1932 e 1933. Uma votação sobre o tema está marcada amanhã, 15 de dezembro, no Parlamento Europeu.

Representantes ucranianos

Uma dezena de representantes ucranianos estavam em Estrasburgo para receber o prêmio Sakharov. Um deles era Ivan Fedorov, prefeito de Melitopol, cidade ucraniana ocupada por forças russas, que foi sequestrado e mantido em cativeiro por vários dias, após se recusar a cooperar, no início de março.

“Isso não impediu que milhares de residentes de Melitopol se reunissem no centro da cidade para manifestar contra os russo. Além disso, vários diretores de escolas da cidade se recusaram a veicular a propaganda russa”, descreve Fedorov.

Oleg Chekryhin também contribuiu para o esforço nacional à sua maneira. Ele é membro dos serviços de proteção civil da Ucrânia e intervém principalmente em áreas libertadas das forças russas. “30% do país ainda é minado por explosivos. Quando as cidades são liberadas, tentamos limpá-las antes que os civis voltem”, diz ele.

Uma vez que os locais são liberados, outros atores da sociedade civil, como Oleksandra Matviitchouk, assumem o controle. Com sua organização, esta advogada de direitos humanos está investigando as atrocidades russas. “Documentamos estupros, torturas, sequestros e outros crimes de guerra para que os russos que os cometeram sejam levados à justiça”, explica ela.

Doações

Em Paris, a conferência internacional de apoio à Ucrânia organizada nesta terça-feira (13) permitiu angariar quase um bilhão de euros de doações, de acordo com seus realizadores. O país que teve suas infraestruturas destruídas pelos ataques russos, deve agora enfrentar o inverno, com apagões e falta de água. RFI

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