A jornalista russa Marina Ovsyannikova, que protestou ao vivo contra a guerra da Rússia na Ucrânia, deixou o país. Segundo anunciou o seu advogado, Dmitri Zajvátov, ao canal Sota, “agora ela está sob a proteção de um Estado europeu”, sem dar mais detalhes sobre como ou quando conseguiu cruzar a fronteira.

Esta é a segunda fuga de Ovsyannikova. A editora partiu para a Alemanha algumas semanas depois de seu protesto no horário nobre, onde foi contratada pela Deutsche Welle, mas retornou à Rússia em julho para recuperar a filha. A jornalista foi multada por esse incidente e por postar um vídeo nas redes sociais no mesmo dia criticando a ofensiva do Kremlin na Ucrânia.

Durante sua estada na Rússia, ela repetiu suas críticas ao Kremlin e a justiça abriu outro processo criminal contra ela sob a nova lei que busca “desacreditar as ações das Forças Armadas Russas na Ucrânia”. A jornalista protestou em 15 de julho junto ao Kremlin com outro cartaz que dizia: “Putin é um assassino e seus soldados são fascistas”. A ação pode custar até 10 anos de prisão.

Um tribunal de Moscou ordenou em agosto que Ovsyannikova permanecesse em prisão domiciliar até 9 de outubro, mas a editora escapou no final de setembro, sem revelar seu paradeiro.

Além dos protestos contra a guerra, a jornalista tinha uma disputa pela guarda da filha pendente com o ex-marido, funcionário de outro meio de comunicação do Kremlin. Um tribunal de Moscou retirou os direitos parentais de Ovsyannikova e decidiu que a menina de 11 anos “deve ficar com o pai porque sua mãe realiza atividades políticas”. 

Ovsyannikova havia garantido anteriormente em suas redes sociais que gostaria de ir para o exterior com a filha, enquanto a menor havia declarado que queria ficar com o pai, que pediu à justiça que vetasse a saída de seus filhos para o exterior. 

“Sou completamente inocente e, como nosso Estado se recusa a cumprir suas próprias leis, desde 30 de setembro me recusei a cumprir a medida cautelar de prisão domiciliar”, concluiu Ovsyannikova na última mensagem que publicou. Informações El País

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