
Teve início, nesta segunda-feira (5), em Paris, o julgamento do ataque terrorista de Nice de 14 de Julho de 2016. Nessa noite, um caminhão foi contra a multidão que ia assistir ao fogo-de-artifício da festa nacional francesa, matando 86 pessoas e ferindo mais de 450. O motorista Mohamed Lahouaiej-Bouhlel acabou abatido pela polícia e o ataque foi reivindicado pelo autoproclamado Estado Islâmico.
O julgamento acontece no Palácio da Justiça, em Paris, na mesma sala onde decorreram, durante meses, as audiências dos atentados de 13 de Novembro de 2015. O ataque de 14 de Julho de 2016, em Nice, foi o mais sangrento em França depois dos atentados de 13 de Novembro de 2015 contra o Bataclan, as esplanadas de cafés de Paris e o Stade de France.
No banco dos réus estão oito pessoas, suspeitos de associação terrorista. Os principais são Ramzi Kevin Arefa, Chokri Chafroud e Artan Henaj, que comparecem detidos e são acusados de associação terrorista: o primeiro incorre numa pena de prisão perpétua e os dois outros incorrem numa pena de 20 anos de prisão.
O ministério público sustenta que eles teriam “ajudado na preparação” do atentado, apontando a “grande proximidade” com o autor e o conhecimento da sua adesão à “ideologia do jihad armado”. Ainda assim, o inquérito não permitiu determinar se eles tinham conhecimento do projecto de atentado e, por isso, nenhum deles é acusado de cumplicidade de assassínio ou tentativa de assassínio.
Maksim Celaj, Endri Elezi, Mohamed Ghraieb e Enkeledja Zace comparecem sob controlo judicial. Um dos réus vai ser julgado à revelia porque fugiu para a Tunísia. Esses cinco incorrem numa pena de cinco a dez anos de prisão e são acusados de associação criminosa e infracções à legislação sobre as armas.
Do lado das vítimas, 865 pessoas constituíram-se como partes civis. Está previsto que as audiências ocorram até 16 de Dezembro.
Catarina Barros, advogada em Nice de vítimas do ataque, conta que o julgamento era aguardado com alguma impaciência por algumas pessoas, mas outras receavam a data por reabrir feridas que ficaram por sarar. *Informações RFI