
AP – Matias Basualdo
A revisão da Constituição chilena foi rejeitada no referendo deste domingo (4). Os chilenos não mostraram interesse na proposta de mudança. Em causa estavam questões como nacionalidade, apoios sociais ou direito ao aborto.
Os resultados indicam a derrota do novo texto constitucional que tinha o objetivo de substituir a carta magna herdada de Pinochet e garantia o reconhecimento de vários direitos aos povos indígenas, além de limitar a exploração mineira.
A rejeição contou com 61,87% dos votos, quase 7,9 milhões de pessoas, enquanto a aprovação da mudança constitucional com 38,13% dos votos, pouco mais de 4,8 milhões de pessoas. Dos votos, 1,54% foram nulos e 0,59% foram em branco.
O Serviço Eleitoral do Chile informou que, segundo dados preliminares, os eleitores do Chile escolheram, rejeitar a proposta da nova Constituição e seguir com a carta magna herdada da ditadura de Augusto Pinochet.
Os chilenos acreditavam na possibilidade de sair tanto o “não” à nova Constituição, mas ninguém esperava que os resultados fossem tão díspares. “É muito desespero e muita gente não estava à espera porque tudo o que foram sondagens davam alguma vantagem à opção de rejeitar a nova Constituição, mas nunca com tanta diferença”, lembra Ana Figueiredo, professora universitária em Santiago.
O que influenciou o resultado foi o voto obrigatório lembra a docente, “sabíamos que iria ser imprevisível, mas não desta maneira”. O fato de dar “mais direitos sociais aos povos originários” e o “legado do catolicismo e evangelismo acabaram por ganhar”, descreve.
“Creio que a herança de Pinochet continua com toda a força, ou seja, muitas das pessoas que acabam por dizer não à nova Constituição são defensoras, abertamente, de Pinochet e do seu legado em termos econômicos. Dar muitos direitos à população indígena também levantou muitas questões”, aponta Ana Figueiredo. *RFI